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Empresas: valerá a pena concorrer aos Fundos Europeus?

Por Carlos Azevedo *

Esta será, porventura, a questão de base que orbita nos pensamentos mais conscientes de qualquer empresário ou pretendente a empresário. Seja qual for o cenário inicial: pretensão de criar uma empresa ou descarbonizar, digitalizar, expandir, internacionalizar, inovar processos e produtos de modelos afetos a negócios existentes, terá de ser sempre feita uma análise prévia de custo/benefício, no sentido de aferir: o que podemos vir a perder? O que podemos vir a ganhar?  

Diversos estudos foram feitos sobre os impactos económicos da aplicação dos fundos estruturais na economia e nas empresas. Pese embora com um grau de intensidade diferente, há unanimidade ao concluírem que os projetos financiados geram um maior Valor Acrescentado Bruto, mais exportações, mais emprego e uma substancial melhoria na competitividade e produtividade do trabalho nas empresas financiadas.

Por isso, os fundos europeus devem ser encarados como uma alternativa – e, em alguns casos, um complemento – à fonte de financiamento tradicional: o empréstimo bancário, na condição de que o esforço de investimento previsto assente na sua viabilidade económica e financeira. Ou seja, o projeto de investimento apresente, credivelmente, um Valor Atual Líquido positivo, sem desprezar outros indicadores de avaliação, tal como a Taxa Interna de Rendibilidade.

Desde que Portugal aderiu à Comunidade Económica Europeia, em 1986, que o ecossistema empresarial português tem vindo a aproveitar – este será o melhor termo para definir a situação: aproveitar – as diferentes oportunidades de financiamento a fundo perdido. Atualmente, o cenário é único pelos valores, na ordem os milhares de milhões de euros, colocados à disposição de Portugal. Destarte, as oportunidades dos apoios financeiros, quer ao investimento, quer à criação de postos de trabalho, são crescentes e espera-se, nos próximos tempos, que possibilitem a dinamização das economias empresariais e, em última análise, das regiões e do país.

Posto isto, na condição de que um projeto e um potencial promotor cumpram os requisitos de elegibilidade e haja um projeto com viabilidade técnica e económico-financeira, acrescida de uma vontade de investir sem ou com apoios a fundo perdido, valerá bem a pena submeter a respetiva candidatura, pela simples razão de que, por menor que seja a taxa de apoio, será sempre uma fonte de financiamento apelativa e bem-vinda dada as dificuldades financeiras das empresas. Em suma, os ganhos são económicos e financeiros: por um lado, porque investir significa a concretização de objetivos empresariais, i.e., melhoria do desempenho económico e, por outro lado, obter apoios financeiros a fundo perdido corresponde a uma bem-vinda almofada na posição financeira das empresas.

 

*Economista. Doutorado em Economia.

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